O Programa Arboretum executou entre fevereiro e março de 2023, o projeto Florestas Culturais. Entre plantios de sistemas agroflorestais, viagens e o contato próximo com povos indígenas houve momentos de superação, emoção, troca de saberes e um encontro histórico entre Maxakalis da região de Bertópolis-MG e Pataxós da Aldeia Pé do Monte, município de Porto Seguro-BA.
“Essa realização representou muito para o Arboretum. É uma honra ser ponte entre povos, como registro de um trabalho que quer conservar essa terra e a sua história”, pontuou Natália Coelho Barbosa Albuquerque, Coordenadora Técnica Executiva do Programa Arboretum pelo Serviço Florestal Brasileiro.
O projeto Florestas Culturais, executado pelo Programa Arboretum, foi apoiado pelo Serviço Florestal Canadense, junto ao Bosque Modelo da Hileia Baiana. O movimento de Bosques Modelo, teve início no Canadá na década de 1980 para promover o diálogo na sociedade sobre o manejo de recursos florestais (ver mais sobre Bosques Modelo: https://ribm.net/model-forest/)
O projeto Florestas Culturais visa a aproximação do ser humano com a floresta por meio do resgate dos valores culturais associados ao recurso e ao habitat florestal. Nesse sentido, ‘Florestas Culturais’ promove a restauração florestal em terras indígenas, Pataxó e Maxakali por meio de agroflorestas e o intercâmbio de sementes florestais entre os povos.
O Encontro Histórico
O intercâmbio entre povos ocorreu entre os dias 30 e 31 de março e foi marcante. No trajeto, os Maxacalis puderam parar na Base Florestal do Programa Arboretum, conhecer o trabalho realizado pelo Programa em outras comunidades e apresentar aos profissionais do Programa o retorno e avaliação sobre os trabalhos realizados na Aldeia Pradinho.
No dia 31 de março, os Maxakalis se dirigiram à Aldeia Pé do Monte. Nas palavras do Cacique Braga, da Aldeia anfitriã, foi um “momento histórico”, um encontro que havia acontecido anteriormente há mais de 20 anos.
Durante o encontro houve ritual de cantos religiosos, trocas de ambos os povos sobre sua resistência e luta pela sobrevivência cultural. Durante a parada no monumento de 500 anos de resistência, que guarda inscrição de todos os povos indígenas, teve discurso dos líderes de cada etnia. Um dos momentos mais emocionantes foi o abraço no Jequitibá ancião, milenar.
A coordenadora Técnica Natália, durante o intercâmbio, recordou que há dez anos trabalha junto aos Pataxós e que ter a oportunidade de levar o trabalho para os Maxakalis representava a concretização de um desejo antigo. “Muito obrigada por vocês terem nos permitido intermediar este encontro”, agradeceu ela aos indígenas.
Jornalista: Michele Ribeiro MTB/BA 6766
Fotos: Beatriz Ferraz e Marcio Bayer
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